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A agricultura é uma atividade que procura a obtenção de alimentos de qualidade, recorrendo a técnicas que garantam a sua sustentabilidade, preservando o solo, o meio ambiente e a biodiversidade, privilegiando a utilização dos recursos locais, minimizando o recurso a produtos químicos de síntese e adubos facilmente solúveis.

Contudo, para produzir alimentos em quantidade suficiente para a população mundial sem comprometer a segurança alimentar, é necessário aumentar a produção, assegurando a qualidade dos alimentos. Para isso, deve-se recorrer a fertilizantes e produtos fitofarmacêuticos apenas quando necessário e de forma controlada, sob a supervisão oficial das autoridades competentes de cada estado-membro na União Europeia.

De notar, todavia, que sem os referidos fatores de produção, não seria possível alimentar metade da atual população mundial e, mesmo assim, cerca de 9% da população mundial vive ainda em pobreza extrema.

A produção de alimentos na União Europeia é totalmente controlada pelas autoridades competentes, para que apenas sejam colocados no mercado os alimentos seguros para a saúde dos consumidores.

A escolha entre diferentes métodos de produção depende dos objetivos do agricultor e das condições locais, sendo a adoção de boas práticas essencial para uma agricultura sustentável.

As boas práticas incluem uma monitorização rigorosa, o controlo de pragas e de doenças e o uso responsável de fatores de produção.

Em alguns casos é possível recorrer a uma maior área de produção permitindo um crescimento das culturas com menor densidade/ha. No que toca a boas práticas, elas incluem a rotação de culturas, conservação do solo e práticas orgânicas para manter a saúde do ambiente.

 

Qual o impacto das mudanças climáticas na agricultura?

Sendo Portugal membro da União Europeia e signatário da estratégia do Pacto Ecológico Europeu (European Green Deal), os principais impactos das alterações climáticas na agricultura incluem:

Redução da produtividade agrícola: O aumento das temperaturas e a intensificação de secas prolongadas têm diminuído a produção de várias culturas, sobretudo no sul da Europa, onde as ondas de calor e a escassez de água são mais frequentes.

 Degradação dos solos: As alterações climáticas intensificam a erosão, desertificação e perda de nutrientes, comprometendo a fertilidade dos solos e a produção agrícola a longo prazo.

Alterações no ciclo das culturas: O clima afeta o ciclo de vida das plantas, alterando épocas de plantação e colheita, o que torna as práticas agrícolas mais incertas e imprevisíveis.

Vulnerabilidade a pragas e doenças: O aquecimento global favorece a expansão de pragas e organismos patogénicos, expondo novas ameaças às culturas e ao gado, especialmente em regiões antes não afetadas.

Pressão sobre os recursos hídricos: A agricultura, altamente dependente de recursos hídricos, enfrenta desafios crescentes com a redução da disponibilidade de água, devido a mudanças nos padrões de precipitação e ao aumento das secas.

Que medidas podemos implementar para reduzir a pegada de carbono na agricultura

Com o objetivo de garantir que a agricultura europeia se adapte às alterações climáticas e contribua para a mitigação dos seus efeitos, em linha com a ambição de alcançar a neutralidade carbónica até 2050, destacam-se três medidas concretas:

 

  1. Transição para práticas agrícolas sustentáveis, como a agricultura de conservação, que protege os solos e aumenta a capacidade de sequestro de carbono.
  2. Redução do uso de pesticidas e fertilizantes químicos, promovendo a biodiversidade e melhorando a saúde dos ecossistemas.
  3. Promoção de inovações tecnológicas e soluções baseadas na natureza, que permitem aos agricultores melhorar as produtividades individuais das espécies agrícolas e pecuárias, bem como melhorar a sua capacidade de resiliência às novas condições climáticas e otimizar a utilização dos recursos.

Como a agricultura contribui para a proteção das florestas?

A agricultura sustentável, através de práticas agroflorestais, desempenha um papel vital na proteção das florestas. Ao integrar árvores, animais e culturas agrícolas, aumenta-se a biodiversidade e melhora-se a capacidade de captura de carbono. Além disso, a utilização de terras já desmatadas de forma sustentável evita a necessidade de novas desflorestações.

Os serviços dos ecossistemas também são fundamentais nesse contexto. Eles incluem a polinização, o controle biológico de pragas e a conservação da biodiversidade, que são essenciais para a manutenção da produtividade agrícola e a preservação das paisagens rurais. Ao valorizar esses serviços, a sociedade pode compensar os agricultores pelo seu trabalho, incentivando práticas que beneficiam tanto a agricultura quanto as florestas.

Programas de pagamento por serviços ambientais, por exemplo, podem oferecer compensações financeiras aos agricultores que adotam práticas sustentáveis. Isso não só ajuda a evitar o êxodo rural, mas também impede a adoção de sistemas cada vez mais intensivos e industrializados, que podem degradar o meio ambiente.

Além disso, a preservação das paisagens rurais ajuda a evitar a florestação intensiva e o abandono total das terras. O abandono de terras agrícolas pode levar à propagação de plantas invasoras, que competem com as espécies nativas e desestabilizam os ecossistemas. Ao integrar a valorização dos serviços dos ecossistemas nas políticas agrícolas, é possível criar um sistema que beneficia tanto os agricultores quanto a sociedade, promovendo uma gestão sustentável que protege as florestas e garante a resiliência das comunidades rurais.