CRIAÇÃO DE ANIMAIS
Quais são os sinais de que um animal sofre maus-tratos
Nem sempre a ausência de bem-estar resulta de maus-tratos ou abusos deliberados. A maior parte das vezes resulta de ações ou omissões involuntárias, suportadas em falta de conhecimento ou sensibilidade por parte dos operadores. Também é verdade que os problemas de bem-estar podem ocorrer em várias vertentes da vida dos animais – nutrição, saúde, conforto… Esta é a razão porque normalmente se avalia o bem-estar a partir de uma série de indicadores. Estes podem ser recolhidos nos animais – comportamento, lesões, condição corporal – ou no ambiente e maneio a que os animais estão sujeitos – espaço, controlo da dor, oferta de água e alimento de qualidade, acesso a pastagem e outros.
É essencial que os indicadores selecionados e a sua interpretação sejam validados pela Ciência e que a sua recolha seja feita de forma abrangente, metódica e sistemática. É a razão porque, nos estudos e nas certificações, se criam e aplicam protocolos mais ou menos complexos de avaliação do bem-estar.
Seguem-se alguns exemplos de sinais tipicamente encontrados nas explorações e nos animais submetidos a maus-tratos ou mantidos em pobres condições de bem-estar:
- Comportamentos estereotipados e sinais de stress – agressividade ou medo exagerado; ausência de comportamento natural; isolamento excessivo e não próprio da espécie.
- Indicadores físicos e de saúde – magreza, pelagem suja, baça e erriçada, claudicações, respiração difícil, corrimentos nasais ou oculares, feridas, inflamações ou lesões, cicatrizes…
- Condições ambientais impróprias – falta de ventilação com evidente presença de gases nocivos (amoníaco), baixa luminosidade, condições insalubres, falta de proteção contra condições climatéricas extremas (sol, vento, chuva), impossibilidade ou redução de movimentos (prisão, jaulas), grande densidade de animais…
- Impossibilidade de exibir comportamentos naturais e essenciais, incluindo a possibilidade de estabelecer e manter relações sociais.
- Exposição a intervenções dolorosas sem a necessária analgesia.
Há, portanto, uma série de medidas ou sinais que permitem perceber se as condições de vida proporcionadas as animais são as adequadas a uma vida que vale a pena ser vivida. Assim, como o bem-estar animal resulta de um complexo emaranhado de sentimentos, também os processos de medir o bem-estar devem ser complexos e cientificamente validados.